quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Diário de bordo II

São 16h14, hora local, e ainda não consegui chorar. Sinto-me estranha hoje. O vazio continua cá dentro. O frio na barriga é enorme e as pernas ainda tremem no regresso a casa. Instintivamente eu coloco os teus chinelos no último degrau da escadaria, como se tu fosses entrar e precisar deles. Ainda ponho o teu pijama e as tuas almofadas na cama, como se te fosses deitar ao meu lado. Ainda ponho duas toalhas no toalheiro, como se viesses tomar banho comigo.
Sinto-me apática hoje. As vozes soam-me como zumbidos estranhos e inentendiveis. Os passos que dou não parecem levar-me a lado nenhum. Sinto-me alheada de tudo e todos. Despida de tudo e de nada.
Não sei se será uma nova fase da realidade da tua ausência. A minha voz sai trémula e as forças fisicas são poucas... porque as outras são inexistentes.
Até escrever me cansa. 
Fazes-me muita falta. Mais do que alguma vez poderia imaginar.
Esta não sou eu. Sinto-me uma estranha em mim.
Não ouço música porque sei que não vais entrar e refilar por estar muito alta. Não tomo pequeno-almoço porque não estás aqui para o dividir comigo. Não vejo tv porque tu não estás cá para mudar os canais e me tirar do sério.
Definitivamente hoje estou estranha. Não sinto os pés no chão, não tenho frio nem calor, fome nem sede. Estou como que em transe. Refugiei-me noutra dimensão para fugir à dura realidade de não te ter aqui comigo. Refugiei-me no vazio para me esconder do vazio da saudade. Não sei se faz sentido, mas é o que sinto. Mas mesmo escondida eu não deixo de sentir a tua falta... e de te amar como se não houvesse amanhã!

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