sábado, 18 de fevereiro de 2012

Diário de Bordo V


Hoje fiz tudo como se cá estivesses. Foi dia de limpeza geral, como tão bem sabes. Tirando a roupa para passar, confesso que não me tem apetecido muito pegar-lhe, porque isso me obriga a abrir as gavetas vazias e eu tenho-me obrigado a não chorar, está tudo perfeito. Como eu gostava de fazer quando cá estavas. Porque sei que mesmo que não dissesses uma palavra, reparavas e gostavas.
Limpei tudo a fundo. Pus música, alto, mesmo sabendo que não ias poder refilar do volume. Corri feito louca para deixar tudo bem feito, mesmo sabendo que não estás aqui para me mandar despachar.
Confesso que quando acabei bateu o vazio. A saudade de te ver satisfeito por ter conseguido mudar os meus hábitos desarrumados. Os teus chinelos continuam no último degrau da escadaria, e o teu pijama colocado em cima das tuas almofadas. é a minha maneira de te manter mais próximo.
Mesmo sem te tocar, mesmo sem tu ouvires, ainda te desejo bom dia quando acordo.
Mesmo sem tu sentires, ainda te beijo ao acordar.
Sinto falta de tudo, até mesmo dos pequenos detalhes. Coisas que no dia a dia parecem tão insignificantes, deixam um grande vazio na sua ausência.
Mas sei que estou em contagem decrescente. Sei que já faltam menos 6 dias para estar nos teus braços e estou a tentar arduamente obrigar-me a pensar assim, a ver as coisas por este prisma para evitar o abismo.
Continuas a fazer-me muita falta. A fazer-nos. Continuo a, por vezes, não conseguir conter as lágrimas que insistem em cair. Não estou, nem nunca vou estar, habituada à tua ausência. Estou, simplesmente, a tentar encontrar uma maneira menos dolorosa de sobreviver... até poder voltar aos teus braços e aí sim... viver novamente!!!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Diário de bordo IV


Desculpa meu amor. Não quero nem nunca quis ferir-te com o meu sofrimento. Não quero que fiques mal por eu estar mal.
Não posso mentir. Não posso dizer que estou bem, até porque mesmo que o fizesse tu sabes que não é verdade. Não posso dizer que vivo bem e de cabeça erguida, porque não é verdade.
Mas sei que também sofres, por dentro e em silêncio.
Por isso, no texto de hoje não te vou falar de mim.
Vou apenas dizer que te amo muito. Que te agradeço do fundo de coração o enorme sacrifício que estás a fazer por mim e pelos nossos meninos.
Quero que não te apoquentes com o meu sofrimento, encara-o como um mal necessário! Ambos sabemos, no fundo dos nossos corações apertados, que vai valer a pena. Estás bem entregue e bem no trabalho, e eu apesar da minha fraqueza cá me aguento e tomo conta de mim e do bebé.
Não deixei de sofrer, não deixa de doer e a saudade é cada vez maior e difícil de suportar. Mas quero que não fiques aflito com isso. Apenas que te lembres que te amamos muito e que apesar de estarmos do outro lado do oceano, estamos contigo, por ti e para ti. Vamos lutar à nossa maneira e dentro das nossas possibilidades, para que o nosso reencontro seja breve. 
Amo-te muito, coisa boa!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Diário de Bordo III


A noite passada adormeci. E sonhei com aquilo que sonho acordada. Sonhei que me ligavas para eu ir para a tua beira, finalmente. Sonhei com todos os detalhes. Com o tratar dos assuntos pendentes para finalmente poder embracar, o tirar os passaportes, a reserva do bilhete, o embarque, a viagem.... Sonhei que me esperavas com os meus tios no aeroporto e um ramo de flores na mão. Bem sei que nunca me deste flores porque não gostas disso, mas eu gosto, e nos sonhos ninguém manda. Sonhei com o nosso abraço. Apertado, saudoso, sincero. Como se o mundo parecesse parado naquele instante. Senti alívio e sorri. Sei que sorri.
Depois acordei.
Olhei para o lado e a tua almofada estava vazia. Chamei por ti e o silêncio riu-se de mim, trouxe-me de volta à dura realidade. Tu não estás aqui. Nem eu aí.
Senti o chão fugir-me debaixo dos pés novamente. O vazio voltou. As lágrimas caíram sem pedir autorização e o aperto no peito lembrou-me que durante meses a minha existência será assim, vazia, saudosa, solitária...
Quis tornar a adormecer, voltar ao sonho que tanto anseio ver realizado, mas a angústia não deixou. Arrastei-me pelos minutos deixando as lágrimas cairem e com ela a esperança de ter ter comigo novamente nos próximos tempos. 
Dizem que o tempo atenua a dor mas eu a cada dia que passa me sinto mais sem chão. Como que caída num buraco e sem força nem vontade de me levantar.
Que Deus, o Universo ou o Destino façam chegar depressa o dia do nosso reencontro, aí, juntos para uma vida nova. Porque até lá sei que me vou limitar a sobreviver. À tua espera...

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Diário de bordo II

São 16h14, hora local, e ainda não consegui chorar. Sinto-me estranha hoje. O vazio continua cá dentro. O frio na barriga é enorme e as pernas ainda tremem no regresso a casa. Instintivamente eu coloco os teus chinelos no último degrau da escadaria, como se tu fosses entrar e precisar deles. Ainda ponho o teu pijama e as tuas almofadas na cama, como se te fosses deitar ao meu lado. Ainda ponho duas toalhas no toalheiro, como se viesses tomar banho comigo.
Sinto-me apática hoje. As vozes soam-me como zumbidos estranhos e inentendiveis. Os passos que dou não parecem levar-me a lado nenhum. Sinto-me alheada de tudo e todos. Despida de tudo e de nada.
Não sei se será uma nova fase da realidade da tua ausência. A minha voz sai trémula e as forças fisicas são poucas... porque as outras são inexistentes.
Até escrever me cansa. 
Fazes-me muita falta. Mais do que alguma vez poderia imaginar.
Esta não sou eu. Sinto-me uma estranha em mim.
Não ouço música porque sei que não vais entrar e refilar por estar muito alta. Não tomo pequeno-almoço porque não estás aqui para o dividir comigo. Não vejo tv porque tu não estás cá para mudar os canais e me tirar do sério.
Definitivamente hoje estou estranha. Não sinto os pés no chão, não tenho frio nem calor, fome nem sede. Estou como que em transe. Refugiei-me noutra dimensão para fugir à dura realidade de não te ter aqui comigo. Refugiei-me no vazio para me esconder do vazio da saudade. Não sei se faz sentido, mas é o que sinto. Mas mesmo escondida eu não deixo de sentir a tua falta... e de te amar como se não houvesse amanhã!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012


No dia da tua partida, limitei-me a unir esforços para não cair... Para não desabar. Hoje, apesar da dor ser ainda maior, olhei para a nossa casa que não te tem com ela e decidi arruma-la, porque sei que se ca estivesses era isso que eu faria. Respirei fundo, sequei as lágrimas que insistem em cair e pus mãos a obra. A muito custo lavei a chávena que tu deixaste com cevada, e com ela a esperança de que a bebesses a meu lado. Limpei a casa de banho e arrumei o teu puff, aquele com o qual te esfregava as costas e que tão cedo não terá utilidade nenhuma.
Depois veio a parte mais dura: o quarto.
Enquanto separava a roupa que é para lavar estagnei com o teu fato de treino numa mão e o teu pijama noutra e... fraquejei. Senti o teu cheirinho e foi como se o mundo tivesse desabado outra vez. Bateu o vazio da tua ausência e as poucas forças que eu tinha conseguido reunir fugiram-me debaixo dos pés. As lágrimas voltaram a cair insistente e incessantemente e reduzi-me à dor. E olhei à volta, na estúpida esperança de te ver ou ouvir, e o silêncio respondeu-me que tu não estás, nem estarás tão cedo. E voltou a doer, a queimar por dentro.
Muitos dirão que estou a exagerar. Que tomaste a decisão certa, foste lutar por uma vida mehor, que vai passar rápido e que eu tenho de me erguer das cinzas e ser forte. Não digo que não tenham razão as vozes que me dizem isso. Mas o meu coração fala mais alto. Não tenho culpa de não conseguir calar a saudade e o medo de não aguentar o tempo necessário sem ti.
A incerteza quanto ao tempo que terei de enfrentar a vida sem ti ao meu lado ccorrói as poucas forças que possa conseguir reunir. 
Quando o meu coração se apaixonou por ti, a minha razão rendeu-se... Deixei tudo para trás. Entreguei-me de corpo, alma e coração. Ignorei o que quer que me dissessem e entreguei-me a ti e ao amor que me uniu a ti. Nunca hesitei, nunca me arrependi.
O amor que vi nascer em ti pelo meu filho deu-me as certezas que precisava. Eras tu o tal. E não, o tal não é perfeito, não é aquele que não discute e que não contraria. O tal é aquele que mesmo nas discussões consegue dizer ''eu amo-te''. É aquele cujo abraço nos protege do mundo e nos embala no sonho de uma vida feliz até ao último dia. É a pessoa que não nos seca as lágrimas, mas chora conosco. A pessoa que nos diz o que não queremos ouvir, mas que precisamos! O meu tal és tu.
E eu dei-me toda a ti.
Agora que a tua ausência está na ordem do dia, é como se tudo tivesse deixado de fazer sentido. O Lourenço chora e diz que o pai fugiu no avião e eu quero que o chão me engula. Eu deito a cabeça no teu travesseiro, fecho os olhos e lembro-me de todas as noites que dormi no teu peito e o sono desaparece, a angústia instala-se... E volta a doer.
Queria ser forte. Queria levantar a cabeça e dizer o que todos dizem, que é por pouco tempo e que vai passar depressa. Mas por muito que a minha cabeça o sussurre o meu coração grita a plenos pulmões que tu não estás...
Tenho medo que me esqueças. Tenho medo que o teu amor por mim enfraqueça. Tenho medo que te habitues à minha ausência... Tenho medo de um dia acordar e não ter mais forças... 
Por mim, passava os dias inteiros na cama a dormir. Sozinha, longe de tudo e todos, agarrada às recordações do tempo que passamos juntos, agarrada ao teu cheirinho que ficou na tua roupa e nas tuas almofadas. Mas infelizmente não posso. E levanto-me com forças que não sei onde vou buscar e sou obrigada a confrontar a dura realidade da tua ausência. E com os medos como companheiros de viagem cá me arrasto pelos minutos, alimentada pela ténue esperança de que um dia vou acordar e me vais ligar e dizer que a agonia acabou e que posso finalmente voltar aos teus braços. Amo-te muito! <3

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Partiste... e agora?


Sinto-me uma estranha dentro destas paredes a que insistes chamar de nossas. Não estás no sofá a jogar solitário. Não estás no quarto a ver tv. Não abres a porta e chamas por mim. E vai ser assim, por muito tempo. Sinto um vazio tão avassalador que até mesmo escrever se torna um sacrifício. A minha voz soa-me estranha, porque não está acompanhada da tua. Os meus passos parecem nem tocar no chão, porque não acompanham os teus. Não consigo parar as lágrimas e tu não estás aqui para as secar. 
Para muitos isto pode parecer exagerado. Não morreste, estás apenas a milhares de kms daqui, num país demasiado distante para eu te poder abraçar. Mas eu sinto-me vazia.
Discutimos muito. Apesar de termos a certeza do que sentimos um pelo outro, tivemos discussões e cada uma mais descabida do que a outra. Mas tu foste o único em toda a minha vida que não olhou para a minha gordura, para os meus ciumes ou a minha insegurança. O único com quem fazer planos não pareceu descabido demais. E agora estás longe. E eu sinto-me perdida. Entreguei-te a minha vida de tal forma que agora que não te tenho me sinto completamente atordoada.
Sei que foste para uma vida melhor, para ti e para os meninos. Mas a minha vida tremeu quando entraste para a porta de embarque. E não sei quando vai voltar ao normal. Esta incerteza mata-me!!!! Não sei como vou aguentar!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Quem?

Está a chegar o dia a uma velocidade alucinante. Queria congelar o tempo. Parar hoje e não o deixar avançar mais.
Quem me  vai abraçar quando o calor dos cobertores não for suficiente? Quem vai reclamar quando as coisas estiverem desarrumadas? Quem me vai secar as lágrimas e dizer que vai tudo acabar bem? Quem me vai dizer que estou linda mesmo quando não o sinto?
Não sei como me vou aguentar... Não sei onde vou buscar forças quando o meu filho me perguntar por ti. Nem como vou viver nesta casa vazia onde cada bocadinho me faz lembrar de ti. Como me vou deitar na nossa cama e não te ter colado a mim. Como vou fazer o pequeno-almoço sem ti para o partilhar!
É um mal necessário, bem sei, mas isso não atenua a dor. Sinto-me culpada, vazia e angustiada.
Que a Luz esteja contigo, meu amor. E o meu amor também. Leva-me contigo no teu coração. Porque do meu, estejas onde estiveres, nunca sais.