quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Diário de Bordo III


A noite passada adormeci. E sonhei com aquilo que sonho acordada. Sonhei que me ligavas para eu ir para a tua beira, finalmente. Sonhei com todos os detalhes. Com o tratar dos assuntos pendentes para finalmente poder embracar, o tirar os passaportes, a reserva do bilhete, o embarque, a viagem.... Sonhei que me esperavas com os meus tios no aeroporto e um ramo de flores na mão. Bem sei que nunca me deste flores porque não gostas disso, mas eu gosto, e nos sonhos ninguém manda. Sonhei com o nosso abraço. Apertado, saudoso, sincero. Como se o mundo parecesse parado naquele instante. Senti alívio e sorri. Sei que sorri.
Depois acordei.
Olhei para o lado e a tua almofada estava vazia. Chamei por ti e o silêncio riu-se de mim, trouxe-me de volta à dura realidade. Tu não estás aqui. Nem eu aí.
Senti o chão fugir-me debaixo dos pés novamente. O vazio voltou. As lágrimas caíram sem pedir autorização e o aperto no peito lembrou-me que durante meses a minha existência será assim, vazia, saudosa, solitária...
Quis tornar a adormecer, voltar ao sonho que tanto anseio ver realizado, mas a angústia não deixou. Arrastei-me pelos minutos deixando as lágrimas cairem e com ela a esperança de ter ter comigo novamente nos próximos tempos. 
Dizem que o tempo atenua a dor mas eu a cada dia que passa me sinto mais sem chão. Como que caída num buraco e sem força nem vontade de me levantar.
Que Deus, o Universo ou o Destino façam chegar depressa o dia do nosso reencontro, aí, juntos para uma vida nova. Porque até lá sei que me vou limitar a sobreviver. À tua espera...

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