terça-feira, 14 de fevereiro de 2012


No dia da tua partida, limitei-me a unir esforços para não cair... Para não desabar. Hoje, apesar da dor ser ainda maior, olhei para a nossa casa que não te tem com ela e decidi arruma-la, porque sei que se ca estivesses era isso que eu faria. Respirei fundo, sequei as lágrimas que insistem em cair e pus mãos a obra. A muito custo lavei a chávena que tu deixaste com cevada, e com ela a esperança de que a bebesses a meu lado. Limpei a casa de banho e arrumei o teu puff, aquele com o qual te esfregava as costas e que tão cedo não terá utilidade nenhuma.
Depois veio a parte mais dura: o quarto.
Enquanto separava a roupa que é para lavar estagnei com o teu fato de treino numa mão e o teu pijama noutra e... fraquejei. Senti o teu cheirinho e foi como se o mundo tivesse desabado outra vez. Bateu o vazio da tua ausência e as poucas forças que eu tinha conseguido reunir fugiram-me debaixo dos pés. As lágrimas voltaram a cair insistente e incessantemente e reduzi-me à dor. E olhei à volta, na estúpida esperança de te ver ou ouvir, e o silêncio respondeu-me que tu não estás, nem estarás tão cedo. E voltou a doer, a queimar por dentro.
Muitos dirão que estou a exagerar. Que tomaste a decisão certa, foste lutar por uma vida mehor, que vai passar rápido e que eu tenho de me erguer das cinzas e ser forte. Não digo que não tenham razão as vozes que me dizem isso. Mas o meu coração fala mais alto. Não tenho culpa de não conseguir calar a saudade e o medo de não aguentar o tempo necessário sem ti.
A incerteza quanto ao tempo que terei de enfrentar a vida sem ti ao meu lado ccorrói as poucas forças que possa conseguir reunir. 
Quando o meu coração se apaixonou por ti, a minha razão rendeu-se... Deixei tudo para trás. Entreguei-me de corpo, alma e coração. Ignorei o que quer que me dissessem e entreguei-me a ti e ao amor que me uniu a ti. Nunca hesitei, nunca me arrependi.
O amor que vi nascer em ti pelo meu filho deu-me as certezas que precisava. Eras tu o tal. E não, o tal não é perfeito, não é aquele que não discute e que não contraria. O tal é aquele que mesmo nas discussões consegue dizer ''eu amo-te''. É aquele cujo abraço nos protege do mundo e nos embala no sonho de uma vida feliz até ao último dia. É a pessoa que não nos seca as lágrimas, mas chora conosco. A pessoa que nos diz o que não queremos ouvir, mas que precisamos! O meu tal és tu.
E eu dei-me toda a ti.
Agora que a tua ausência está na ordem do dia, é como se tudo tivesse deixado de fazer sentido. O Lourenço chora e diz que o pai fugiu no avião e eu quero que o chão me engula. Eu deito a cabeça no teu travesseiro, fecho os olhos e lembro-me de todas as noites que dormi no teu peito e o sono desaparece, a angústia instala-se... E volta a doer.
Queria ser forte. Queria levantar a cabeça e dizer o que todos dizem, que é por pouco tempo e que vai passar depressa. Mas por muito que a minha cabeça o sussurre o meu coração grita a plenos pulmões que tu não estás...
Tenho medo que me esqueças. Tenho medo que o teu amor por mim enfraqueça. Tenho medo que te habitues à minha ausência... Tenho medo de um dia acordar e não ter mais forças... 
Por mim, passava os dias inteiros na cama a dormir. Sozinha, longe de tudo e todos, agarrada às recordações do tempo que passamos juntos, agarrada ao teu cheirinho que ficou na tua roupa e nas tuas almofadas. Mas infelizmente não posso. E levanto-me com forças que não sei onde vou buscar e sou obrigada a confrontar a dura realidade da tua ausência. E com os medos como companheiros de viagem cá me arrasto pelos minutos, alimentada pela ténue esperança de que um dia vou acordar e me vais ligar e dizer que a agonia acabou e que posso finalmente voltar aos teus braços. Amo-te muito! <3

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